Espelhos, Memórias e algumas Flores de Clara Pechansky
A Gravura Galeria recebe, a partir de 6 de maio, as obras da artista Clara Pechansky. A exposição Espelhos, Memórias e algumas flores traz 14 pinturas em acrílico sobre tela e 5 desenhos, obras produzidas entre 2010 e o começo deste ano.
A nova exposição de Clara Pechansky tem curadoria de Neiva Bohns. Historiadora e crítica de artes, ela ressalta o teor reflexivo, de fundamentação humanística, presente nos quadros.
Na quinta-feira, dia 5 de maio, às 20h, a Gravura promove coquetel de inauguração da exposição, e no dia 19 de maio, também quinta-feira, das 19h às 21h, haverá na galeria um encontro entre artista, curadora e público, com entrada franca, com o tema: O Lado Avesso da Criação. Para esse encontro, pede-se confirmar presença pelo telefone ou para o email da galeria, devido ao número limitado de lugares.
O pacto das gerações
Na pintura de Clara Pechansky há sempre aquelas estranhas criaturas concentradas em seus afazeres, que a despeito de coexistirem num mesmo ambiente, nunca trocam palavras. Delas, só podemos ouvir o rumor das vestes que se tocam. Quase não têm corpos, embora ocupem largo espaço. Aprisionadas por seus pensamentos, guardam as chaves de mundos que não são conhecidos, olham-se nos espelhos, cuidam de seus instrumentos musicais, como se de sua afinação dependesse a harmonia entre o futuro e o passado. Todas suportam seus destinos. E (nos) espiam.
O teor reflexivo, de fundamentação humanística, está presente nas obras de Clara Pechansky desde os tempos em que era destacada estudante da Escola de Belas Artes de Pelotas, no início da década de 1950. Daquela época também vem o interesse por literatura, por línguas estrangeiras e pela história da arte ocidental. A paixão por obras clássicas da pintura já a fez visitar muitas vezes os museus mais importantes do mundo, de onde volta reabastecida da vontade de trabalhar.
Desenhar, pintar e gravar é uma necessidade para essa mulher incansável, que nunca deixa de aprender. O método de organizar as bisnagas de tinta de acordo com as tonalidades, de maneira que tudo esteja à mão para ser utilizado quando for preciso, diz muito a respeito dos processos criativos da artista. Toda arte exige disciplina.
Nesta mostra, que marca a comemoração de quinze anos de uma galeria inaugurada pela artista, há um pequeno conjunto de desenhos e gravuras que ajudam a dimensionar seu rico universo imagético. Também há pinturas recentes, produzidas no calor das últimas emoções estéticas.
As imagens brotam do movimento ágil de uma desenhista habilidosa. Primeiro surge a estrutura, feita de traços rápidos e tinta rala. Logo, um caráter mais exuberante se manifesta no trabalho pictórico e o fundo das telas começa a se preencher de cores, que podem ser profundas e intensas. É do contraste das tonalidades que se constroem as figuras, sempre silenciosas. Muitas dessas pinturas trazem marcas do desenho, nas linhas que não desaparecem do esboço inicial, e nos veios raspados, às vezes de maneira ornamental, quando a tinta ainda está fresca.
Mas a obra principal desta exposição, seja pela sua carga afetiva, seja pela síntese que representa na carreira da artista, é uma composição realizada a quatro mãos: Clara e Daniela, em tempos diversos, trabalharam na mesma pintura. Prazeres, segredos e pactos, na forma de flores, firmados entre avó e neta. Felizes aqueles que podem construir jardins que nunca serão destruídos.
Neiva Bohns, curadora
Porto Alegre, abril de 2011
NEIVA MARIA FONSECA BOHNS (Pelotas, 1961) é curadora, historiadora e crítica de artes. Professora e pesquisadora do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, possui Mestrado e Doutorado na área de História, Teoria e Crítica das Artes Visuais. Há cerca de vinte anos atua na formação de artistas e de professores de artes plásticas. Atualmente, desenvolve pesquisa sobre produção artística no Rio Grande do Sul, interessando-se especialmente pelos problemas relativos à formas de subsistência dos artistas.
Exposição Espelhos, Memórias e algumas flores, de Clara Pechansky
Local: Gravura Galeria de Arte – Rua Corte Real, 647 – Petrópolis – Porto Alegre
Inauguração: 5 de maio de 2011, quinta-feira, às 20h
Período de exposição: de 6 de maio a 4 de junho de 2011; segunda à sexta, das 9h30 às 18h30; sábados, das 9h30 às 13h30
www.gravuragaleria.com.br – gravura@gravuragaleria.com.br